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domingo, 17 de março de 2024

René Duguay-Trouin nos Açores

 


Nasceu em Saint-Malo em 10 de junho de 1673, sendo o quarto filho de Luc Trouin de La Barbinais, capitão e armador - nome herdado por seu segundo filho.


O nome "Duguay" provém de uma propriedade da família. Em suas memórias, manuscrito arquivado nos Arquivos Municipais de Saint-Malo, documento nº 11-12, p. 3, diz vir «de família acostumada ao comércio marítimo, de um pai que comandava navios armados tanto para a guerra quanto para o comércio, segundo os tempos, tendo ganhado reputação de coragem e de muito entendido em assuntos de marinha».



Destinado por seus pais ao sacerdócio, negligenciou os seus estudos no colégio dos jesuítas de Rennes em favor de uma vida de prazeres e de desordens. Morto o pai, passou a estudar em Caen mas negligenciando os estudos pelas mesas de jogo e salas de armas. Voltou a Saint-Malo a pedido da mãe mas como o irmão mais velho embarcou como corsário, não tardou em seguir-lhe os passos, vindo a ganhar reputação por seus feitos. Com permissão materna, embarcou em 1689 como voluntário na fragata «La Trinité», de 18 canhões, pois fora declarada guerra contra a Inglaterra e a Holanda. Com 18 anos, ganhou seu primeiro posto de comando e em 1691 era capitão de uma fragata de propriedade de sua família. Aos 21 anos, Luís XIV de França lhe confiou um de seus barcos, o Profond, de 32 canhões. Prisioneiro na Inglaterra, conseguiu evadir-se, em vida sempre aventurosa.



Desde 1696 fora a Paris, onde foi apresentado ao Rei. Admitido na Marinha Real com a patente de Capitão de Fragata, envolveu-se em numerosas campanhas, como a Guerra da Sucessão Espanhola (1702), e em diversas batalhas contra Ingleses e Neerlandeses.


No contexto da Guerra de Sucessão Espanhola, uma armada constituída por oito naus de linha e três navios corsários, todos com artilharia grossa, sob o comando de Duguay-Trouin, dirigiu-se aos Açores, com o plano secreto de atacar a Frota do Brasil, furtando-se à ação da Armada das ilhas. Nas águas da Ilha de São Jorge, em 19 de Setembro de 1708, atacaram a Vila das Velas. Rechaçados, no dia seguinte efetuaram uma novo assalto, logrando lançar em terra mais de 500 homens, que se dedicaram ao saque das casas e igrejas da referida povoação.



quinta-feira, 14 de março de 2024

Bartolomeu Ferraz nos Açores

 


Serviu a João III de Portugal de quem recebeu uma tença.


Deixou-nos carta datada de 7 de janeiro de 1526 ao então Secretário de Estado, António Carneiro, em agradecimento pelas mercês que aquele lhe havia feito, e a dar-lhe conta do que passara com os oficiais da Câmara Municipal de Portalegre.


Cerca de uma década mais tarde recomenda ao soberano a necessidade de se fortificarem as ilhas do arquipélago dos Açores, em virtude da ação de corsários franceses naquela região do oceano Atlântico.


Terá sido sepultado na antiga Igreja de Nossa Senhora da Ajuda, na freguesia da Ajuda, em Lisboa, de acordo com o "Mappa de Portugal Antigo e Moderno", onde se encontra transcrita a inscrição da lápide da sua sepultura no alpendre daquele templo:


"Sepultura do Capitão Bartholomeu Ferraz de Andrade, Coronel que foy no Reino de Infantaria do esclarecido Rey D. João III., e de Isabel de Oliveira sua mulher, e de seus descendentes e herdeiros. 1550."


E a mesma fonte complementa, transcrevendo das "Memórias" do Desembargador Francisco Monteiro Leiria, um trecho de uma petição datada de 8 de março de 1550 ao Cabido de Lisboa:


"Diz Bartholomeu Ferraz de Andrade, Coronel nestes reinos de Portugal, que elle tinha vivido neste mundo mais do que esperava viver, no qual tempo que assim viveu, correo grande parte dele trabalhando por ganhar honra, e fama de suas obras, por ficar dele memoria aos que dele descendessem: e como quer que sempre foy ajudado do Senhor Deos, e da Virgem Maria sua madre, queria ordenar a casa, e morada onde havia de morar para sempre, etc. O Despacho do Cabido foy: Que havendo respeito à sua muita nobreza, e virtude que lhe dá o jazigo dos alpendres de Nossa Senhora da Ajuda."



quarta-feira, 13 de março de 2024

Quinta do Leão na ilha Terceira Açores

 


A Quinta do Leão é uma quinta portuguesa localizada na ilha  Terceira, concelho de Angra do Heroísmo, freguesia de São Pedro.


Esta quinta é composta por uma propriedade agrícola e por um solar de apreciáveis dimensões que foi ao longo dos séculos residência da família Lima, encontra-se próximo à Quinta da Estrela, do Solar dos Parreiras, da Quinta dos Castro e da Zona Balnear da Poça dos Frades.



A propriedade agrícola anexa a este solar apresenta-se com apreciáveis dimensões e tem um jardim curioso onde se destacam plantas de cariz exótico.


Destaca-se neste edifício a sala principal dotada por um extraordinário tecto em caixotão e o seu aspecto senhorial e pela sua fachada de excelente cantaria pintada.



segunda-feira, 11 de março de 2024

Igreja de Santa Catarina de Sena ilha Terceira Açores

 


A Igreja de Santa Catarina de Sena, também chamada ermida ou capela, é um antigo templo religioso, católico, hoje desactivado, construído a Leste da praça de armas da Fortaleza de São João Baptista do Monte Brasil, encostado à muralha principal, em Angra do Heroísmo, Ilha Terceira, Açores.


De pequena dimensão, fachada simples e sem decoração, cobertura de duas águas e planta quase quadrangular, tinha um único altar. Exteriormente apresenta um pequeno adro elevado, com bancos laterais, de pedra, a que se acede por escadaria central de seis degraus.


De pequena dimensão, fachada simples e sem decoração, cobertura de duas águas e planta quase quadrangular, tinha um único altar. Exteriormente apresenta um pequeno adro elevado, com bancos laterais, de pedra, a que se acede por escadaria central de seis degraus.


Serviu de igreja à guarnição espanhola, instalada aqui no contexto da União Ibérica e foi construída ao mesmo tempo que a fortaleza, então chamada de São Filipe do Monte Brasil.


O primeiro registo de casamento ali efectuado data de 1601, atestando que ela já existia, funcional e equipada, nessa data, servindo, também, de local de sepultura de alguns governadores do período espanhol, nomeadamente D. Gonçalo Mexia, a 23 de Outubro de 1618.


Mesmo depois da rendição espanhola, em 1642,  manteve-se ao culto até 1720, data em que a Igreja de São João Baptista, a Sul da parada e muito maior, passou a assumir essas funções.



Com o incêndio, acontecido em 23 de setembro de 1818,  que consumiu a igreja grande, regressou o culto a este pequeno templo, de onde voltou a sair, por volta de 1866/67, quando a de São João Baptista foi benta, após ser reconstruída.


Entrado o século XIX, o edifício começa a ser referido, também, como Ermida do Espírito Santo, sendo isso condizente com os restos de uma pintura oitocentista que se encontra no interior, representando uma pombas branca esvoaçante, e com notícias que a referem como local onde se organizaram festas do Paráclito, tão do agrado dos habitantes das ilhas açorianas.


Em 1904 já não é tida como activa, passando a funções muito diferentes, como tribunal militar, posto de rádio, museu e sala de reuniões.



sexta-feira, 8 de março de 2024

Submarino alemão afundado nos Açores durante a II Guerra Mundial

 


No dia 2 de fevereiro de 1942, desenrolou-se um combate entre submarinos alemães e navios da marinha de guerra britânica ao largo da ilha do Pico. Um submersível afundou-se em resultado do confronto, tendo sido encontrado 75 anos depois, a mais de 800 metros de profundidade.


Foram necessários quase 15 anos de trabalho para localizar os destroços, e só em 2016, com a ajuda de um avançado submersível científico, foi possível aos investigadores Joachim e Kristen Jackobens, da fundação Rebikoff Niggeler, confirmar a localização dos restos do U-581.


O U-boat fazia parte de uma pequena flotilha que esperava a saída do porto de da Horta de um navio transportando soldados, o Llangibby Castle,  danificado pelo torpedo de outro submarino dias antes. O transporte tinha sido atingido na popa a 16 de janeiro de 1942 e, sem leme, refugiara-se nos Açores, onde fez reparações e esperou por escoltas que o acompanhassem até Gibraltar.



O U-581 foi um dos três submarinos destacados para tentar afundá-lo, mas a presença de três navios de guerra da Marinha Real Britânica tornou-o num alvo e seria o HMS Westcott a fazer o ataque que o destruiu. Os tripulantes conseguiriam salvar-se.


Kirsten e Joachim Jakobsen, investigadores da fundação Rebikoff-Niggeler, só conseguiram verificar a posição dos destroços do submarino através do sonar do “LULA 1000”, um submersível tripulado capaz de mergulhar até 1000 metros de profundidade, usado para investigação a grandes profundidades.


( Cortesia á RTP )



terça-feira, 5 de março de 2024

A chegada de Vasco Gil Sodré á ilha da Graciosa Açores

 


Vasco Gil Sodré  nasceu em Montemor-o-Novo, ca. 1450  e faleceu em  Santa Cruz da Graciosa, ca. 1500. Foi um navegador português e um dos primeiros povoadores da ilha Graciosa.

Natural de Montemor-o-Novo, filho de Gil Sodré, neto de John de Sudley, de ascendência nobre inglesa , aportuguesado para João de Sodré, em que Sodré é corruptela do locativo inglês Sudeley ou Sudley. Este John Sudley seria por sua vez descendente do nobre inglês William le Boteler, bem como de Ralph de Hereford (e por consequência de Eduardo, o Confessor) por linhagem materna, o que explica a comunalidade de armas usadas na Inglaterra e em Portugal pelas famílias Boteler (Butler) e Sodré.


Vasco Gil Sodré terá sido casado duas vezes: a primeira com Iria Vaz do Couto, irmã de Duarte Barreto do Couto, que foi o primeiro capitão do donatário na Graciosa; e a segunda com Beatriz Gonçalves da Silva, que foi quem o acompanhou na sua ida para aquela ilha. Não se conhece o fim da primeira mulher, nem se houve geração.

Esta Beatriz Gonçalves da Silva é apontada por Gaspar Frutuoso como sendo Beatriz Gonçalves de Bectaforte, natural do castelo de Bectaforte de Inglaterra, o que é seguramente confusão com uma das antepassadas de Vasco Gil Sodré . Deste casamento tiveram Diogo Vaz Sodré, Fernão Vaz Sodré, Mécia Vaz, Leonor Vaz e Inês Vaz, e outros, num total de 10 filhos, tronco da maioria das primeiras famílias que povoaram a ilha Graciosa.



Duarte Barreto do Couto, irmão da primeira mulher de Vasco Gil Sodré, era casado com Antónia Sodré, o que fazia dos dois homens duplamente cunhados. Embora sejam escassas as evidências documentais, Duarte Barreto do Couto, mais conhecido por Duarte Barreto, fidalgo do Algarve, foi capitão do donatário na parte sul da ilha, no território que depois corresponderia ao hoje extinto concelho da Praia da Graciosa.

A vinda de Vasco Gil Sodré para a Graciosa ocorreu na sequência do desaparecimento de Duarte Barreto do Couto, que foi morto durante uma incursão castelhana à ilha Graciosa (provavelmente em 1475 e já no contexto da guerra da Beltraneja). Vendo-se viúva e só na ilha, Antónia Sodré escreveu ao irmão Vasco Gil ... que se viesse pera ela, pera a acompanhar, o que ele fez, e foi um dos primeiros que ali vieram...


Respondendo a este convite, Vasco Gil Sodré veio para a Graciosa, depois de uma estadia numa das praças portuguesas do Norte de África, tendo chegado à ilha no tempo em que Portugal ainda estava em guerra com Castela por causa das pretensões ao trono castelhano de Joana a Beltraneja , isto é depois de 1475 e antes 1479.

Veio acompanhado pela mulher, Beatriz Gonçalves da Silva, e um grupo de criados, chegando à Graciosa depois de terem permanecido algum tempo na ilha Terceira . Ergueu a sua casa no Carapacho, local onde aportou, tendo tomado terras no sudoeste da ilha, na região onde hoje se ergue a vila da Praia.


Apesar das diligências de Vasco Gil Sodré para que lhe fosse feita a doação da ilha e de ter construído uma alfândega, a capitania da parte norte da ilha, correspondente ao primitivo concelho de Santa Cruz da Graciosa, veio a ser entregue, depois de 1474, a Pedro Correia da Cunha, concunhado de Cristóvão Colombo, que chegara à ilha, vindo do Porto Santo cuja capitania perdera por sentença da Relação, pouco depois da chegada de Vasco Gil Sodré.


Apesar dos esforços da família Sodré, em 1485 Pedro Correia da Cunha foi confirmado capitão do donatário em toda a ilha, em virtude de ser uma terra pequena para duas divisões, o que em definitivo impediu Vasco Gil Sodré e os seus descendentes de obterem a capitania que reivindicavam. Com esta confirmação ficou definitivamente unificada a capitania da Graciosa, assim permanecendo até à sua extinção. Da divisão resultaram contudo os dois concelhos da ilha (Praia da Graciosa e Santa Cruz da Graciosa), apenas unificados em 1867.



segunda-feira, 4 de março de 2024

Chafariz do Largo da Luz Santa Cruz ilha Terceira Açores

 


O Chafariz do Largo da Luz localiza-se no largo do Conde da Praia da Vitória, na freguesia de Santa Cruz, concelho da Praia da Vitória, na ilha Terceira, nos Açores.


Erguido no século XIX, encontrava-se primitivamente situado no largo Francisco Ornelas da Câmara. Foi transferido para o seu local atual por volta de 1930.


Atualmente integra o Inventário do Património Histórico e Religioso para o Plano Director Municipal da Praia da Vitória.



Este chafariz foi erguido em alvenaria de pedra rebocada e caiada de cor branca, com excepção do tanque, dos cunhais, dos pináculos sobre os cunhais, das cornijas e de outros elementos decorativos, em cantaria de pedra escura e à vista.


Entre os pináculos existe um frontão de forma contracurvada que é interrompida por uma pedra de armas, com as armas da Praia da Vitória, na forma de uma elipse, rebocada e pintada excepto na bordadura e na referida pedra, em cantaria aparente. Nela lê-se a inscrição "11 de Agosto De 1829", evocativa da Batalha da Praia da Vitória.


Ao centro do alçado do chafariz há outra cartela com a data de 1849 e, mais abaixo, duas bicas de água corrente e o tanque, retangular.


O chafariz encontra-se enquadrado por dois muros curvos, construídos também em alvenaria de pedra rebocada e caiada de cor branca com excepção dos remates lateral e superior e dos dois pináculos nos extremos, em cantaria aparente e de cor escura.